O reservatório de água Cantareira, também conhecido como Sistema Cantareira, é hoje o maior dos sistemas de reservatório de água administrados pela companhia de saneamento de São Paulo, a Sabesp.
O reservatório de água do Sistema Cantareira foi construído para captação e tratamento de água para a região metropolitana de São Paulo, sendo um dos maiores do mundo, servindo para abastecer perto de 9 milhões de pessoas.
O Sistema Cantareira está composto por seis barragens, interligadas através de um sistema complexo de túneis e canais, além de uma estação de bombeamento de alta tecnologia, que tem a função de ultrapassar a barreira física criada pela Serra da Cantareira, na região norte do município de São Paulo.
O reservatório de água do Sistema Cantareira chama a atenção pelo detalhe de ser o mais distante em relação ao núcleo servido pelas águas, além da extensão de sua área de drenagem, que se estende da região de Atibaia até o sul do estado de Minas Gerais.
O reservatório de água e a crise hídrica
Mesmo possuindo a maior reserva de água para abastecimento na América Latina, o reservatório de água do Sistema Cantareira vem enfrentando uma situação crítica, depois da crise hídrica no estado de São Paulo, entre os anos de 2014 e 2015. Entre os problemas apresentados, o mais sério tem sido a gestão da Sabesp.
O reservatório de água do Sistema Cantareira foi construído na década de 1960 pelo governo do estado de São Paulo, que estava preocupado com o crescimento demográfico da região metropolitana que, na época, estava atingindo a cifra de praticamente 5 milhões de habitantes.
Para reforçar e garantir o abastecimento, foi planejada a construção de uma série de represas nas nascentes da bacia hidrográfica do rio Piracicaba, nos rios que o formam, tendo assim início o reservatório de água do Sistema Cantareira.
A barragem Paiva Castro, no rio Juqueri, teve o início de sua construção em 1966, seguida das barragens de Cachoeira e Atibainha. Em 1976 foram iniciadas as construções das barragens de Jaguari e do Jacareí, o que possibilitou um acréscimo de 22 mil litros por segundo ao sistema.
O reservatório de água do sistema Cantareira possui hoje seis represas: Paiva Castro, no rio Juqueri; Águas Claras, no topo da Serra da Cantareira; Cachoeira, no rio de mesmo nome; Atibainha, também no rio que leva o seu nome; Jaguari, no rio Jaguari e Jacareí, no rio Jacareí.
Com as sucessivas baixas históricas do reservatório de água do Sistema Cantareira, a ANA – Agência Nacional de Águas e o DAEE – Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo determinaram a redução da vazão de captação de água do sistema e, para o atendimento dessa determinação, a Sabesp passou a utilizar água dos outros sistemas de reservatório de água da região metropolitana, como o Guarapiranga e o Alto Tietê, para conseguir abastecer os moradores antes atendidos pelo Cantareira.
O reservatório de água do Sistema Cantareira funciona por gravidade, com as águas descendo desde Jaguari e Jacareí, na região de Bragança Paulista, de onde passam para as represas de Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro.
Através de túneis, a água desce até a Estação Elevatória Santa Inês, onde é bombeada para a represa de Águas Claras, um reservatório de água que tem a função de segurança, servindo para a manutenção de água durante 3 horas em caso de alguma paralisação. Dali, a água é encaminhada para a Estação de Tratamento de Água do Guaraú, onde é tratada à razão de 23 metros cúbicos por segundo, antes de serem enviadas para o sistema de abastecimento da região metropolitana.
O reservatório de água do Sistema Cantareira atende atualmente mais de 5,3 milhões de pessoas, ou seja, praticamente a metade da população da região atendida pela Sabesp, compreendendo os municípios de Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba, São Caetano do Sul e parte de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.
Reservatório de água do Sistema Cantareira: riscos ambientais
Mesmo mantendo junto à represa do Jaguari um viveiro que, atualmente, produz cerca de 300 mil mudas de espécies nativas anuais para o reflorestamento e recomposição das matas ciliares, e tendo também o Centro de Educação Ambiental, atendendo escolas e faculdades, além de manter uma área de 200 hectares livre de ocupação, o Sistema Cantareira apresenta diversas controvérsias e riscos ambientais.
O reservatório de água do Sistema Cantareira apresenta vários riscos de degradação ambiental, em conjunto com o Parque do Horto Florestal, em virtude do trecho norte do Rodoanel, de acordo com os ambientalistas.
O Rodoanel atravessa a Serra da Cantareira, o que traz a preocupação de comprometimento do Sistema Cantareira e do abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo, um risco a mais para um sistema que praticamente deixou à míngua o sistema da bacia do rio Piracicaba, de onde até hoje retira a maior parte de suas águas, sem qualquer retribuição.